Atrás das montanhas que, quando pequena, costumava sonhar, existe uma casinha azul com janelas e portas vermelhas viradas para oeste. Na varanda há uma cadeira de balanço, gostosa de sentar, onde pousa todo dia ás cinco horas, uma borboleta amarela que fica parada uns vinte minutos, depois voa para alem do que conseguimos enxergar. Lá reside uma mulher, de cabelos já brancos da idade, que nunca tira seu encharpe azul celeste e o sorriso do rosto.
Posso estar enganada, mas ela é a pessoa mais feliz que já conheci, e um dia espero do fundo do coração, ser como ela. Naquele rosto, existem marcas que nem o tempo pode tirar, e historias incríveis sobre coisas banais, mas que adoramos ouvir. Aquele sorriso, com certeza, marca a esperança que devia morar dentro de todos nós, mas que há tempos perdemos sem saber onde, e aqueles olhos, fundos como se esperasse algo que não viria por terra, mas do fundo da memoria, simplesmente me fizeram refletir.
Ela devia estar sozinha á anos, mas da janela da cozinha, ainda sai o cheiro aconchegante de biscoitos sendo assados, e café recém passado. Acho que isso não devia me parecer feliz, viver em um lugar onde ninguém jamais chega.
Mas, afinal, é assim que nós vivemos, não é mesmo? Dentro de um mundo onde, dificilmente, alguém entra para nos distrair. E acho que por fim, entendo sua felicidade.Sobreviver a tantas coisas e mesmo assim não parecer que perdeu a batalha, continuar lutando... Vivendo.
Quem sabe um dia, o que aquela bela senhorinha tanto espera, chegue e apague da memoria todas as coisas ruins.
E então, mesmo em sonhos, quando isso chegar, sem duvidas vou estar olhando mais uma vez tudo acabar onde tudo começou. E de novo, vou contar a historia de uma casinha azul, que viaja no tempo esperando alguém, para quem aquela senhora possa oferecer café e biscoitos quentes.
2 comentários:
ô minha Gê.
que saudade.
O blog ta lindo, e você arrasando como sempre, né?
=)
Essa história é tão bonitinha que eu fiquei aqui pensando:
"Por que a Mariana sumiu do blog?"
Hein?
Bjooo!!!
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