Um sussurro quebra o silencio de uma sala vazia, naqueles dias de tempestade tudo que poderíamos ter feito era esperar o tempo amenizar seu sofrimento antes de sair. Os olhos fitavam cada canto com uma insegurança á mais em seu brilho, por um momento pensei que poderíamos apenas desaparecer.
Fazia frio e a única luz que havia, da lareira, não alcançava o ponto onde nos encontramos, senti sua mão apertar a minha como uma criança que tem medo de historias de terror, senti elas descerem desenhando-me com os dedos até encontrar meu ventre. Rodeando-me até as costas, fiquei entre seus braços, e as chamas congelaram. Sua respiração atingia o lado esquerda do meu rosto que por alguns segundos senti corar. Levantou-me em um delicado gesto, e sem musica pusemos-nos á dançar pausadamente como uma valsa inexistente, quem conduzia era a força de nossas mentes que á meia luz, ao som dos trovões e dos pingos gelados que batiam na janela, nos aproximavam ainda mais.
A mão que pairava sobre meu rosto agora mantinha-se quente, mesmo com o frio. Fechei os olhos em um reflexo incontestável da minha vontade. A brisa bate mais uma vez, estremecendo nossos corpos que agora se uniriam de uma vez. E escureceu, a lareira de apagara, sobrara só você e eu, mais ninguém.
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