You is everything for me

Já é mais de duas da madrugada e cá estou eu, deitado ao lado de um corpo que se mantinha quase imóvel com uma feição tão calma quanto anjos, e quase se podia ver um sorriso entre aquela macia e vermelha boca, um cigarro entre os dedos e um ilustre sorriso nos lábios. Sorriso que já havia tentado ser disfarçado, mas não obteve sucesso, aquela foi a noite mais incrível e mais feliz da minha vida. Que mal teria em ficar com cara de bobo olhando para o teto imaginando como seria dali pra frente?

Me lembro perfeitamente do dia em que nos conhecemos, quer dizer, da noite que eu te vi pela primeira vez. O céu parecia estar tão estrelado quanto meus olhos a te observar do bar, você aparentava ser um desses garotos com poucos amigos, mas havia algo que o tornava extremamente cativante, continuei a te olhar até que em um ato quase que insano resolvi lhe mandar uma bebida, um scotch pra ser mais exato, era o que você bebia até ali, junto enviei um papelzinho lhe perguntando seu nome. Mal sabia eu que aquele seria o nome mais importante da minha vida.

Lembro-me também que ia todos os dias á aquele mesmo bar entre oito e nove e meia da noite na esperança de te ver novamente, parece idiotice, mas você me chamou atenção desde a primeira vez que o vi. Cabelos pretos, lisos e pouco compridos caídos sobre o rosto, pele branca pálida quase sem nenhum rastro de sol, pouco maior que eu e tinha os olhos mais bonitos que já vi aqueles olhos cor de oliva com uma fina camada de brilho acetinado que aparentavam ver bem mais do que seus olhos alcançavam, que enxergavam a alma e me faziam ficar desprovidos de palavras, boca vermelha cheia de vida. Eu te desejei desde a primeira vez que te vi, talvez tenha te amado desde a primeira vez...

Poucas semanas depois eu te reencontrei naquele mesmo local, mas algo parecia ter mudado você correspondia-me á cada olhar, cada suspiro e sorriso, e em pouco tempo estávamos um de frente pro outro esperando o próximo passo. Você sentou para conversar, me pagou uma bebida, jogamos conversa fora até o fim da noite, você pediu meu telefone, confesso que te subestimei á certo ponto.

Os dias foram passando, os encontros aumentando, aqueles olhares que me despiam mentalmente foi ficando mais freqüentes e junto com ele minha vontade incontrolável de te ter perto de mim, dentro de mim ia aflorando mais e mais. Foi ai então que em um ato irresponsável e um tanto inconseqüente eu lhe disse pra me encontrar em cinco minutos no banheiro e em menos que isso estávamos nós, tão perto um do outro. Suas mãos descobrindo caminhos em meu corpo, fazendo de mim o que bem entendesse, sua boca junta a minha tentando abrir caminho á uma dança perfeitamente sincronizada que fazia de nossas línguas, uma batalha pelo controle de tudo, eu já havia desabotoado quase toda sua camisa até que recobrei um pouco de minha “sanidade” e percebi que aquilo não era o certo a fazer, não que eu não quisesse porque eu queria, oh Deus como eu queria, mas não daquele jeito, se acontecesse seria apenas uma transa, sexo casual se preferirem, e eu queria pelo menos ter certeza se havia um pouco de sentimento em todos aqueles toques.

Pedi desculpas me afastando um pouco, arrumando a camiseta e o cabelo, e quando estava quase saindo do recinto senti um braço me puxar:

“- Eu também não queria que acontecesse daquele jeito, nos vemos amanhã?”

Naquele momento, naquele exato momento eu tive a certeza que o que estava dentro desse peito também pudesse ter duas moradas, talvez seja pelo tom da sua voz ou a força ao segurar meu pulso, mas eu só sei que aquilo me deu a absoluta certeza de que ficaríamos juntos, e que não era preciso pressa... Seria como a lei natural de qualquer coisa, um dia iria acontecer.

“Eu sei que é besteira eu estar deixando isso na sua secretaria, talvez eu seja um imbecil mesmo, mas, eu quero que saiba que, hum, eu não consigo ficar mais longe de você... é mais forte que eu te desejar assim tão perto... é precipitado, mas o que eu sinto por você eu nunca senti por mais ninguém.”

Um recado e cá estou eu, mas de duas da madrugada sem dormir, meu cinzeiro já esta cheio e o corpo ao meu lado despertara lentamente soltando um grunhido preguiçoso, agora me olhava fixamente sorrindo de canto, com um ar de satisfação talvez ou apenas feliz por ter acordado e visto que foi mais que um sonho. Uma de suas mãos procurava a minha, achando-a e apertando com força, com a outra acariciava meu rosto levemente, um afago tão bom pra aquele momento, aproximou nossos rostos me fazendo ter arrepios com a sua respiração contra a minha, chegou perto de minha boca depositando um selinho demorado com ar de boa noite ou algo do gênero.

- Te amo Frankie... Você não sabe o quanto.

- Também te amo Ge... Você é tudo pra mim.

(~. Frerard - um dos meus muitos surtos de criatividade mal sucedidos shaushaus)