- e que os desejos sejam sempre realizados...

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Assim como eu

Era um dia cinza, desde o inicio eu sabia que sairia algo de errado. Por mais que o sol deixasse suas nuvens carregadas de agua, algumas avermelhadas aparentando sangue, o dia continuava cinza. É assim mesmo, um dia quando a gente acorda algo parece estar fora do seu devido lugar. E assim ele prossegue até que descobrimos o que está fora desse lugar.
Hoje não foi diferente, a única diferença mesmo foi que isso estava acontecendo á alguns dias, repetidamente até que hoje o cinza não fosse assim tão escuro me deixando ver uma provável saída.

Levantei e como todos os dias tomei um banho de aproximadamente meia hora, desci tomei café. Resolvi não abrir a janela do quarto, queria o assim, aquele escuro redundante, paciente e provocador. Coloquei uma das minhas melhores roupas, me caia tão bem. Brinquei com o cachorro... Meu pequeno filhote de São Bernardo, eu nem sei o que faria com ele depois que crescesse. Ganhei de um tio já falecido, poucos dias antes de sua ida. Rupert, o cão, me trazia boas lembranças. O deixei na varanda, odiaria ter que vê-lo quando tudo isso acabasse.

Tirei uma folha de caderno, e comecei minhas explicações. Eu sempre odiei ter que deixar dividas ou receio de alguma coisa que viria a fazer. Era uma pratica incontestável da minha pessoa, explicar-se. Deixei perto a luminária da escrivaninha do quarto. Tranquei a porta, apaguei as luzes e que comece o grande espetáculo!

Entre um gole e outro de tequila, algumas lágrimas desperdiçadas - Vamos, você consegue. - um comprimido pra afastar a dor.
Esse era uma das provas do meu egoísmo, eu tinha medo de que doesse em mim, mas nunca me importei em causar dor nos mais próximos.
Outro gole de tequila, mais um calmante e nada. Já fazia quarenta minutos e eu nem ao menos me sentia no direito de parar. E o efeito não fazia.

Já com preguiça de descer até a cozinha e sem vontade alguma de parar, abri a primeira gaveta do criado mudo retirando um anjo de vidro que ganhara de um aparente ex namorado, ex porque nosso namoro hoje não aprecia durar muito, o quebrei na beirada do móvel. Suas asas assim tornaram-se pontiagudos espetando um de meus dedos me fazendo sangrar.
Se estivesse em minhas condições normais eu sentiria dor, mas aparentemente o remédio parecia começar a fazer o tal efeito me deixando sonolenta.
Meio sem ver ao certo sentei em algum ponto do quarto, toda bamba. E sem dó nem piedade cravei aquelas asas em meus pulsos. O vermelho que antes eu odiara tanto esparramava - se por todo o tapete, se misturando com as lágrimas.
Outro gemido e mais um pulso sem vida. Mais uma criatura sem vida daqui alguns minutos.

Nisso uma campainha que eu mal sabia se era real ou não.
Talvez alguém teria vindo me procurar, eu já não sabia. Estava quase fora de mim até que voltei a ouvir a campainha. Ouvi passos também. Logo depois um grito, esse estridente como de uma garota.
Foi a ultima coisa que ouvi, não sei o que aconteceu depois disso, se valeu a pena ou não ter chegado a tal ponto. Mas a sensação foi embora, meu dia cinza hoje é uma eterna noite de luar, uma lua alaranjada quase avermelhada, e não me importa mais. Eu só queria agora que a dor fosse embora...

E não adianta vir com olhares assustados, como os cidadãos desse lugar que hoje vivo.
Eles me encaram como um erro, como um destaque. Pobre pessoas, eu tenho dó delas, por ser assim como elas, por serem assim como eu.

5 comentários:

Bruna Fernandes disse...

Meninaa q texto profundo...vc poderia publicar suas histórias rsrs ta perdendo tempo ;) (e money!)


Bjo ^^

Anônimo disse...

Seus textos são ótimos, Màah...
Fazem a gente pensar em um monte de coisas da própria vida...

E ahhh... Nem me fale de escola. Vou morrer de saudades, rs

bjo

ziiин disse...

Ser o unico precioso apaixonado e romantico do mundo não ta me rendendo muito e acredite, traz mais dor do que você pode imaginar.

" mas que não sentem nem metade. "
Ou que esconde oque sente pra não sofrer
Ou o que não tem coragem de sentir por saber que vai sofrer
Ou o que sente, e acaba ficando sozinho pra depois a pessoa saber que perdeu e querer voltar atraz pra dar o devido valor..
Eu podia te dizer tantas hipoteses que ficaria a noite toda aqui, mais o meu tempo parece meio " curto " dimais ..

Se parece que escrevo mais não sinto, me perdoa. Mais se eu sinto pra escrever, isso então é um grande problema. :\

Maah :*

Ro disse...

Máah tem meme pra vc lá no blog


BEIJOS!!

Anônimo disse...

Máah q lindo, concordo com a Julie, nos fazem pensar, e sentir!
texto excelentes! Parabens! beijos =D