I will be fine...

Manha de domingo e o dia nascera em um cinza bicolor, variando de um por do sol alaranjado para o nublado das nuvens no céu. A noite passada havia sido difícil, e passava pela minha cabeça todas as coisas que dissemos, por um segundo se eu pudesse voltar eu não te deixaria sair daqui.

Pele abatida por baixo de uma lã de cor escura, ainda era percebível as marcas de choro em meu rosto. Mãos tremulas seguram um pequeno pedaço de papel, barulho de chaves, alguém dizendo meu nome... – Vamos?

Abaixei minha cabeça, direcionei-me ao pequeno carro que me esperava na porta de casa. Fechar os olhos nunca foi tão perturbador. Eu nunca soube o quanto eu sentiria, ou o que eu sentiria. Eu nunca soube ao certo nem ao mesmo o que eu queria sentir...

Momentos após de algumas alucinações, eu que nunca bebi estava precisando de uma dose dupla do melhor whisky da cidade para enfrentar todas elas, que vinham e iam sem nenhuma preocupação. Eu teria que me manter forte, eu era forte ou pelo menos achava que deveria ser.

Caminhei por entre flores, e isso não era agradável, vaguei por arbustos e poços, chegando a um pequeno conjunto de pessoas. Estas que eu conhecia como palma de minhas mãos, estas que eu preferia não ver. Logo as mesmas saíram deixando espaço para um grande vazio, vazio esse que me fez companhia por tantos e tantos anos...

Sentei-me na grama e retirei um pequeno papel de um dos bolsos, tirei meus óculos e pus-me a ler:

“Quando tudo deixa de ter sentido, desde um momento qualquer até as lindas canções da radio. Quando a lua não tem mais brilho e os pensamentos vagam pra longe... Eu queria tanto que você estivesse ao meu lado. Eu tentei, sim tentei ser mais forte que tudo, hoje eu simplesmente aceito que nem todas as pessoas são fortes o suficiente. Mas eu ainda tento...
Porque a única coisa que me mantêm é lembrar todas as conversas, todos rabiscos, é lembrar do olhar confortante e do toque de suas mãos nas minhas... Porque quando você foi, eu percebi as varias falhas dessa minha muralha, e que sem você não há sorriso que aceite toda felicidade do mundo.
Eu sinto sua falta!”

Confusas perspectivas me enchem os olhos, como se poucas palavras fossem mudar algo. E logo sinto um pingo gelado em uma das mãos, e mais gotas no orvalho escorrendo levando toda a tristeza daquele lugar. E mais uma vez eu soube que era você, e que nada no mundo ou fora dele te tiraria de mim ou tiraria o que eu sinto por você, e alguma forma o que nos une.

E para cada palavra dita, um vento suave por entre meus cabelos. Deixei o papel junto a uma rosa vermelha.

- Eu vou ficar bem... – Levantei-me coloquei os óculos e me retirei de lá. Hoje não começara uma nova vida, mas eu disse tudo que precisava e soube naquele exato instante que te tenho ainda entre todos os rascunhos e traços entre um abraço, entre um olhar.